Lembrança, saudade, escolha, felicidade.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ultimamente a saudade tem me perseguido, creio que pelo fato de saber que em duas semanas verei meus pais. Estamos tentando fazer um costume das visitas anuais deles aqui e das minhas ao Brasil. Digo tentativa porque depende também de fatores mais complicados do que a vontade, depende de dinheiro. Mas para nossa família, mais do que um luxo de viajar para outros continentes, tornou-se necessidade de um encontro mais breve.
                Ando vendo família e passado em tudo o que vejo e vivo. Vejo no lírio do jardim da vizinha, minha avó e sua paixão por lírios amarelos, vejo a casa do sítio rodeada de lírios e as crianças correndo por volta, algumas vezes passando por cima de algum. A eterna luta da Vó para manter seus lírios intáctos... Ouço no silêncio da casa, a barulheira da minha família e a conversa gritada das mulheres, sempre entusiasmadas, cheia de risadas e piadas sutis. Sinto no sol um toque de Brasil, na chuva, o cheiro de sítio e mato, no vento a brisa nas férias da praia. Consigo enxergar em tudo o que me é parecido e nos opostos também. Na falta de olho no olho, lembro-me como é conversar enxergando além dos olhos de uma amiga e na falta de alguém para ouvir, lembro-me de quantas vezes fui o diário de amigas e primas e quantas gargalhadas nasceram da tristeza inicial...
                Agora sonho com pessoas fazendo as malas para vir até mim, sonho com conversas que ainda não aconteceram e pretendo começar.
                A espera faz duas semanas parecerem mais longas que os oito meses de distância.
                Não sou só eu a esperar impaciente, meus filhos se põe a perguntar todos os dias se é hoje que o vovô e a vovó chegam. Planejam seus dias com eles e sonham até mesmo com eles no avião, junto com os avós, decolando, assistindo qualquer filme na pequena televisão do encosto, sem prestar atenção, mexendo em todos os botões do controle. Pra mim, uma lembrança estranha de infância, já que eu fui voar a primeira vez quando vim para cá, aos vinte e dois anos, mas eles já lidam com distâncias que nem são capazes de entender, sendo que eu apenas tinha que saber que o sítio da minha avó ficava a oito quilômetros de casa. Meu filho mais velho, aos seus quatro anos, comenta com uma sabedoria geográfica que não lhe cabe:
                - O mundo é muito grande, deveria ser pequenininho e ficaria tudo mais perto.- O entendimento que sua forma de vida lhe impõe.
                Lembranças, compreenção, escolhas... Mas agora está perto, perto de nos sentirmos um pouquinho mais completos. Perto de sentirmos o cheiro que a lembrança me traz tão insistentemente nos últimos dias. Perto de ouvir ao vivo os sons cantados e repetidos na minha cabeça. Perto do abraço concreto e do tato, que nem a lembrança, nem minha escrita alcançam.
                Esse tempo tão relativo, que nos faz sentir que vôa quando pensado nos anos passados, mas que parece parado quando esperamos algo que está para acontecer, agora ficará lento, até a chegada e vai se por a acelerar até a partida. Tempo impiedoso, mas que nos faz obrigados a curtir cada segundo e que torna tão especial cada minuto juntos.
                Especial, essa é a palavra. Mais uma vez minha escolha pelo lado otimista aproveita essa saudade para acreditar que eu tenho mais momentos especias com minha família do que quem vive ao lado da sua a vida toda, pois sei o valor que tem cada abraço e cada riso. Que seja assim, distância tão severa, mas também amiga de quem aprecia e coleciona momentos, traga-me mais uma obra para minha coleção, já tão extensa, de vida vivida intensamente.
                Encaixo aqui minhas dificuldades, em um lugar especial, tornando-as parte responsável pelo todo da minha felicidade, mais uma vez usando meu poder de escolha e sempre escolhendo ser feliz.





COMENTÁRIOS AQUI!:


Anônimo Says: 
Oi Amor!
Estou amando te conhecer cada sexta-feira mais e mais...
continue, sempre
Zsombor
Ingrid Souza Says: 
Vamos pro Brasil no final do ano, não vejo a hora, fico imaginando a carinha do filhote podendo ver de pertinho todas aquelas tias que ele ve via skype, poder aproveitar o colinho da vovo e todos os mimos que esperam por ele.

Aiii aiii... a vida seria tão mais fácil se o Brasil fosse onde é a Belgica haahha

Beijocas e aproveita bem a familia.
Celi Says: 
Carol,
Concordo com seu filhote " O mundo é muito grande, deveria ser pequenininho e ficaria tudo mais perto.- O entendimento que sua forma de vida lhe impõe". Amei essa fala do pequeno.
É isso mesmo... curte cada minuto ao lado dos seus pais. Que delícia para seus filhos brincar e curtir realmente os avós. Estou vivendo exatamente isso nesse momento. Uma alegria sem fim.
Também estou muito feliz, assim como a Ingrid, pois também irei no final do ano para o Brasil. Não vejo a hora. Afinal, já faz 2 anos que estou longe de muitos familiares e amigos queridos.
Lindo post Carol. Muito poética você.
Um beijo grande.
Lu Says: 
Ai, Carol, q texto lindo! Eu tenho essas fases também, sempre. Fiz a minha escolha e não me arrependo, mas gostaria de ter mais $$ e poder ver minha família pelo menos 1 vez por ano. 2x seria o ideal! E parece q qdo os filhos nascem, a necessidade aumenta, dá um aperto ve-lo crescendo sozinho, sem o amor, o colo e os beijos da family... Ai ai...
Curta mto a ansiedade e a expectativa!! Pq depois q eles chegam, o coração aperta pq eles vão ter q ir.. :-(

Beijos!
Anônimo Says: 
Amor, muito obrigada por tudo o que você tem feito para que eu possa me mostrar aqui, sem seu apoio eu não conseguiria. te amo!

Ingrid, que saudades da nossa terrinha né? Tb penso em ir no natal pra lá, será que a gente se encontra comendo uma coxinha na Real? ahahah

Celi, sim eu vi mesmo no seu post que vc está curtindo a família, que delícia, né? Logo chega minha vez... :)Que bom que vc gostou do texto! :)


Lu, que bom que vc gostou de ler meu port! Pois é mais din din não seria ruim, eu tb adoraria ir 2 vezes ao ano... :( Bom, a gente faz o que pode e o importante é que sempre estáo lá, esperando de braços abertos... :) Curtimos o que é possível...

Beijinhos a todos! Super obrigada pelos comentários!

Carol.
Anônimo Says: 
Aaahhhhh esse assunto conheço bem, desde que você foi para esse lado do mundo comecei a enteder o real sentido da palavra saudade... eu achava que o máxio de distância que teria que ficar de você seria uns 100km, quando morava em Piracicaba, e mesmo nessa época eu já achava super longe, e nos víamos a cada quinze dias, e a cada despedida eu sentia uma tristeza enorme,me abraçava a vocÊ e a vó e chorava, ia embora chorando... até durmir no carro!
Agora com vocês aí tento diariamente lidar com isso, com o fato de vocês não estarem aqui a cada momento importante de nossas vidas, sempre fico imaginando o que vocês estariam fazendo ou dizendo... Vamos driblando a saudade nos falando, nos vendo... mas nada substitui o abraço, o beijo, o cheiro... ai que saudades!
Ainda batalho para conseguir viver com a saudade, confesso que ainda é um desafio para mim, mas segundo você mesma, precisamos sempre ver o "copo meio cheio", e é isso que eu tento fazer... mas não posso negar que eu ainda sonho com o dia que você vai me falar que está voltando para ficar....
Mas enquanto esse dia não chega, vamos dando um jeito... e logo logo estou chegando para matar um pouco da saudades!
Amo vocês queridos...
Juliana
Anônimo Says: 
Ahhh que lindo amore! Você sempre está presente conosco também... 
Que choradeira que a gente armava por ficar 15 dias longe... rsrsrs, foi treino pra hoje em dia... ahahah Mas pelo menos você é aquela tia super legal que vem de longe sempre com um monte de presente e que mima meus filhos até não poder mais, né... ahahaha
Logo logo você vem pra cá tb e alivia um pouco essa saudade louca.
Beijos amore!
Carol.
Anônimo Says: 
"SAUDADES"...Que palavra especial...e vc nos faz entender mais intensamente o significado dela.
mil beijos ...até logo!!!!
MEIRE
Anônimo Says: 
Meire, logo logo nos vemos! Um beijão pra vcs!
Anônimo Says: 
Tb quero te visitar... =)) Juliaa
Anônimo Says: 
Own Ju... Vem sim querida!!!
Beijos!!!
Carol.
Anônimo Says: 
AHHHHH!! Que lindo filha, chegaremos logo, os dedinhos da contagem regressiva estão diminuindo. A ansiedade é tanta que mal consigo dormir...louca para abraçar a todos aí. Beijos 

Mamãe
Anônimo Says: 
Bom, acho que não preciso dizer como estamos na contegem... rsrsrs Estamos esperando muito!!! Beijos! 

Carol.
K∂riиє* Smith. Says: 
Nossa, eu sei bem o que é isso!
Acho que quando as passagens estão marcadas tanto para ir ao Brasil, quanto para nos visitarem parece que o tempo não passa!
Que essas duas semaninhas passem logo e que as conversas sejam felizes e inesquecíveis!

Aproveita!

beijoooo
Carol Says: 
Obrigada Karine! 
Agora faltam poucos dias, as crianças já estão contando nos dedos quantas noites tem que dormir pra eles chegarem... rsrsrs :)

Beijinhos!
Anônimo Says: 
Carol, fiquei tão emocionada com o seu texto! Lindo, delicado, verdadeiro... Parabéns! 

Bjs

Da sua mais nova amiga virtual:)

Aline Rocha
Carol Says: 
Ainda virtual né Aline? Espero te conhecer logo! Que bom que vc gostou!
Beijinhos!
Ligia Moreiras Sena Says: 
Eu vim aqui deixar um recadinho. Li esse post tão emocionado sobre saudade. Me deu uma saudade imensa da minha família que, ao contrário da sua, não mora em outro continente. Mora apenas em outro estado. Mas de quem eu sinto uma saudade tão doída quanto a sua porque também não nos vemos, apenas por motivos financeiros. Aí vim deixar um comentário. E entre os que aqui já estavam, encontrei esse:

"AHHHHH!! Que lindo filha, chegaremos logo, os dedinhos da contagem regressiva estão diminuindo. A ansiedade é tanta que mal consigo dormir...louca para abraçar a todos aí. Beijos
Mamãe"

Até chorei... Pensando na saudade que vc sente. Que sua mãe sente. E me identificando nelas...
Você me disse no comentário que fez no meu blog, em linhas gerais, que seriam felizardas as pessoas com as quais minha filha irá encontrar na vida dela, em função da forma como a estou criando e de quem ela vai se tornar.
Mas te digo: felizardos os que podem ter contato com você, ainda que virtualmente, e ler as coisas lindas que você escreve. 
Saudade é coisa que só sente quem sente.

Um abraço solidário cheio de carinho.
Carol Says: 
Ligia que coisa mais linda você me escreveu! Vc falou que chorou, pois agora sou eu aqui, chorando de emoção... :) Obrigada pelas palavras lindas. Tenho muita sorte por poder conhecer pessoas como você, mesmo que virtualmente, que me acrescentam ainda mais nos sentimentos... Mais uma vez obrigada!
Beijinhos!
Pah Says: 
Oi Carol, que lindo seu texto, e gostei da forma como você vê a saudade... E concordo com seu filho, o mundo tinha que ser pequenininho, mas quando se ama nos damos um jeito de diminuir essa distância, e é o que você e seus pais estão fazendo, se mantendo próximos mesmo com a distância tão grande, admiro vocês pelo laço de amor tão forte! Curta bastante essa visita viu! 

Beijokas

Livros & Fuxicos

@pah_aleksandra
Carol Says: 
Pah, Obrigada pelo comentário lindo!
É isso mesmo que você falou, a gente aprende a conviver com a saudade e procura achar formas de diminuir a distância. Tenho sorte em ter uma família tão linda e um marido tão maravilhoso, acho que seria demais ter tudo junto além de tudo... rssrsr
Beijinhos!
Celi Says: 
Carol,
Tem selinhos no meu blog para vc. Dá uma passadinha por lá. Não sei se gosta, mas precisava indicar alguns e o seu não poderia ficar de fora.
Beijos.
Celi Says: 
Carol,
Agora é fácil.... é só vc copiar os selinhos da minha página. Salvá-los. Aí vc pode postar, mas precisa responder aquelas perguntinhas. Assim como eu fiz. Dá uma espiada.
Se precisar de mais ajuda. É só falar.
Um grande beijo.

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