Romance barato

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Acordo naquele furacão de mil coisas a serem feitas, preparo o café pulando as roupas jogadas pelo chão, a mochila num canto, muitos pratos para lavar e aquela angústia de quem, no dia anterior, saiu logo cedo de casa com a família e só voltou a noite pra dormir, com tudo o que fez parte do antes de ontem ao seu redor... Sobe o sangue, desespero, nervoso... rápido, um gole de café enquanto vou fazendo a lista do que ainda tenho que fazer, olho para os lados num plano de limpeza interminável. Engulo o café e vou fazendo tudo ao mesmo tempo. Vou bufando e respondendo de jeito bruto, falta de organização me transforma e deixa verde, como o Hulk. Meu marido vê o desespero, me conhece, sabe que só terei paz com tudo em seu lugar, ele só terá paz assim... Então, entre uma brincadeira e outra com as crianças, ele me ajuda, recolhe coisas, estende roupas e com uma manhã de trabalho, tudo vai para seu devido lugar.


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Chego ao meu escritório, ainda preocupada com o trabalho que está ali, me esperando, e ele está lá parado, coloca para tocar Eric Clapton "Wonderful tonight", uma de nossas músicas. Segura a minha mão e olha para mim como se eu estivesse vestida com qualquer outra roupa diferente daquela desleixada que eu estava usando para limpar a casa, aquele olhar que me faz pensar que eu deveria ter me arrumado mais para o momento, mas que me faz sentir linda ao mesmo tempo. A preocupação vai embora, eu sorrio, ele sorri, o furacão vira brisa e o sangue quente vira rubor em meu rosto. Olhos nos olhos, faço um pedido de desculpa silencioso. Ele me puxa para perto dele e começamos a dançar lentamente, num abraço gostoso. Sinto seu perfume. Aquela cena óbvia e sem imaginação de filme de comédia romântica, mas que sempre cai tão bem adaptada à vida real. Nada melhor que viver um filme romântico bem típico, nem precisa de originalidade. Enquanto dançamos e nos abraçamos como namorados, esqueço que vivemos juntos há 10 anos, ele acaricia meu cabelo... meu cabelo descabelado... vem toda aquela felicidade de tocá-lo, como na primeira vez que o abracei, incrédula de que ele estava ali, que era meu e que eu finalmente o encontrara. Felicidade que transborda, que faz a luz do sol parecer mais brilhante e, se me permitem o exagero de romance de revista, que me faz flutuar, respirar fundo e até da vertigens. Não precisamos de palavras, não precisamos de mais nada a não ser um beijo, um beijo de namorados, de apaixonados, daqueles que se sente delicadamente os lábios, a respiração do outro e que termina num sorriso mútuo, seguido das palavras inevitáveis após um momento assim: Eu te amo!
Água com açucar, limonada, como dizem os húngaros... não ligo, esse texto não tem enredo original, é exatamente como novela, filme melado e romance de banca. E tudo o que eu quero é que seja assim, "enjoadinho", pra sempre.
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