Ontem mesmo estava criticando o pessimismo húngaro, a mania de ver sempre o lado ruim das coisas. Não todos, porque a família do meu marido é muito positiva, mas tem uma grande parte que pensa totalmente distorcido, gostam de reclamar e apontar as coisas ruins, muitas vezes não enxergam o que tem:
-Olá Tia Clari! - Havia acabado de nascer a netinha dela. - Quanto nenêm tem na nossa rua ultimamente, não é? - pergunto com um grande sorriso, é claro.
-Pois é filha, estamos ficando velhos... - Essa foi a resposta, seguida da lista de velhinhos que morreram na rua. Meu Deus!!! Ainda não consigo entender como chegamos ao assunto morte, falando de nascimentos. Esse foi o exemplo mais claro que eu já vi do pessimismo, da mania de ver o lado ruim.
Adoro os húngaros, sei que muitos gostam de mim também, me receberam sempre muito bem e tenho amigos ótimos aqui, mas odeio esse jeito de ver a vida, me deixa revoltada não conseguirem ver a felicidade dos outros, não conseguirem enxergar a própria, desdenhar de quem fez algo de importante.
Muitas vezes vi meu marido reclamar por não ser reconhecido, ou por simplesmente ter ouvido um comentário desanimador de um amigo, ou nem ouvir comentário nenhum quando conta uma super novidade nossa, e ontem entendi o por quê da falta de elogio, da falta de encorajamento em continuar desenhando, em continuar tocando violão ou gaita... Simplesmente isso não vai acontecer, ele nunca irá ganhar esses elogios ou um pedido para que toque, porque o pessimismo não deixa isso acontecer, não permite um elogio de coração. Você pode mudar o mundo, criar uma nova forma de vida, mesmo assim vai haver quem diga: E daí? Quem é esse cara? - E isso é simplesmente frustrante!
Não gosto de pessimismo, me revolta e me tira do meu otimismo costumeiro, vai contra minha natureza, vejo quanta gente puxa os outros pra baixo e passo a duvidar que o mundo possa um dia alcançar um nível mais alto, onde pessoas se preocupam com outras, ficam felizes por outras, ajudam... Sinceramente, meu dia melhora se ouço uma boa notícia de um amigo, se alguém cresce ao meu lado, sinto que sou puxada pra cima, pelo simples fato de ficar feliz por ele. É simples assim! você decide ficar feliz por alguém e automaticamente você fica no nível dessa pessoa.
Quem consegue crescer tentando tirar o positivismo e a compaixão por sua volta, se é justamente isso que te faz crescer? Se o mundo entendesse esse pequeno truque a corrente de bondade e pensamento positivo que isso causaria, talvez o mudasse brutalmente para melhor. Não seria maravilhoso se todos tirassem um dia para experimentar? Experimentar fazer bem para todos a sua volta durante um dia, nem que seja um elogio ao amigo, um sorriso sincero, e depois prestar atenção em tudo de bom que aconteceu para você de volta daqueles atos. Quais seriam as consequências de um dia assim, onde o mundo inteiro experimenta só fazer bondade, nem que seja um ato por pessoa?
Não posso mudar o mundo, não posso mudar os húngaros, mas posso desejar e fazer a minha parte.
Meu avô costumava contar-nos uma estória. Era a estória de um passarinho tentando apagar sozinho o fogo na floresta. Ele pegava água do rio com seu biquinho e jogava nas chamas imensas. Os outros bichos riam dele enquanto fugiam:
-O que está fazendo passarinho? Acha que vai apagar o fogo assim? - Perguntaram achando ridículo seu esforço.
-Não, mas estou fazendo a minha parte.
Pensar nessa estória do meu avô me faz lembrar de não fugir como os outros, não pegando responsabilidade pelo mundo. O que somos, o que temos é responsabilidade de cada um. Melhorar o dia de uma pessoa a nossa volta, pode melhorar o dia de uma outra, que vai ajudar uma outra... Cada ato conta, cada sorriso.
É meio que ridículo jogar minha gota de pensamento positivo... Mas estou fazendo a minha parte.