Depois de uma despedida e um ou dois dias abaixo da média da minha boa vontade, aparece minha salvação: Uma viagem em família!
Antes passamos um dia no Balaton, um lago enorme que é considerado a praia dos húngaros, na casa de amigos muito queridos, que levantaram nosso astral logo de cara, num dia de sol, conversa e brincadeira com as crianças.
Saímos de madrugada em direção à Áustria, as crianças dormiram boa parte do caminho, o que permitiu que eu e meu marido conversássemos horas e horas, coisa que adoramos fazer quando estamos juntos, uma parte muito boa da longa viagem de 6 horas. Falamos sobre coisas que nos afligem, falamos de coisas que nos fazem rir e depois de 11 anos juntos ainda é possível conhecer mais e mais a pessoa com quem você conversa todos os dias. Creio que meu marido me conheça como a palma de sua mão, mas ainda posso impressioná-lo com alguns pensamentos ou forma de ver as coisas. O mesmo acontece comigo, sempre há uma pontinha de novo, aquele cantinho dele que eu não tinha visto no meio de tanta coisa que já vi. Adoro viajar com ele!
O GPS teria ajudado, se não achasse que o caminho fica mais curto pulando a montanha e não tivesse nos levado para o outro lado... Foi a gota d'agua para querermos nos esquecer das novas tecnologias enquanto estamos de férias. Com um certo mal humor do maridão, chegamos, agora em silêncio, que essa do GPS foi para respirar fundo e guardar para si os palavrões que sairiam... Tirou o clima do bate-papo no carro.
O lugar é simplesmente lindo! Uma casa no meio dos alpes, montanhas para todos os lados, cercada por um gramado arrumadinho, onde ficam as barracas de camping, para quem escolheu essa opção, - nós preferimos um quarto na casa, por causa das crianças - o sol brilhando numa temperatura agradável de verão, nenhum barulho. À frente da casa onde nos hospedamos há uma mansão abandonada - diz a lenda que é assombrada - onde meus olhos sempre dão uma passadinha de curiosidade e vontade de entrar. Engraçado como as pessoas gostam dessas bobagens, como quando xingamos a mocinha do filme de terror, que é avisada sobre os fantasmas, mas vai lá xeretar... Eu podia ser uma dessas tontas que morrem logo no começo, fui lá olhar pelas janelas, mas não vi nada, apenas um hall enorme.
Estamos sem celular, internet ou qualquer outra coisa que lembre trabalho, cercados por tranquilidade, uma brisa fresca e borboletas, na companhia da família, alguns amigos e meu novo aparelho de ler e-books... Ah, a vida devia ter mais desses momentos... São raros os momentos em que podemos realmente relaxar, sem pensar no que temos pra fazer, pois fica ali te cutucando aquela responsabilidade de olhar o e-mail, ou de atender o celular. As pessoas levam o trabalho não só para casa, hoje em dia levam consigo no bolso, para todo o lado. Antigamente (não tão antigamente assim), bastava sair do trabalho, ninguém ia ligar do telefone de casa, para outro telefone de casa, falando de trabalho, as pessoas estavam livres ao andar nas ruas e como não dava pra abrir o computador e ter todo trabalho a sua frente, tudo ficava para se fazer no escritório e finais de semanas eram como esses 3 dias de férias que tive. Mas experimenta fazer isso hoje em dia. Você é engolido pela concorrência, pois quem não caminha junto, fica pra trás.
Logo que chegamos nos sentamos numa sombra, eu com meu livro eletrônico e o Zsombor ao meu lado com uma cerveja gelada. As crianças correm para fazer um reconhecimento do território e logo acham uma bola para brincarem, ficam então entre bolas e borboletas na tranquilidade da brincadeira saudável, com muito espaço e vida ao seu redor, descobrindo como a natureza se mexe, suas cores e formas e enquanto aprendem, no rosto há sempre um sorriso esboçado.
Meu marido combina com os outros uma escalada, mas dessa eu fico de fora, alguém tem que ficar com as crianças e além disso esse é o seu esporte. Eu fico com o dia seguinte, que será a primeira parte do rafting e ele fica com a segunda parte, revezando com as crianças. Da outra vez que estivemos nesse lugar o Hunor ainda era um bebê e tive que ficar com eles o tempo todo, não participei de nada, agora estava simplesmente eufórica em pensar no rafting. Sentia uma pontinha de medo e muita ansiedade, na verdade mais medo da água fria que do percurso louco, que me conheço bem e sei que adoro coisa louca, não sou de ter medo de giros e alturas, quedas e velocidade.
O dia passa tranquilo entre um jogo de futebol e uma sentadinha na sombra para ler um pouco. O sol está quente, mas nos alpes o quente é agradável mesmo no seu máximo. Porém o clima vira num segundo e se você descuida já está caindo uma chuvinha bem gelada, que logo passa também, dando espaço para o sol brilhar novamente, deixando apenas aquele cheiro bom de água fresca na mata, terra molhada e flor.
Dia do rafting. Acordo e tomo um grande café da manhã. Lá fora todos esperam sentados nos barcos para ouvir o professor. É tanta informação que da até medo, mas o básico eu entendo. Vestimos aquelas super roupas de mergulho, pois a água tem temperaturas muito baixas, mesmo no verão. Alguém diz que está em torno de 7 graus. Chegando ao local, tivemos que mergulhar e nos acostumar com a temperatura, achei que ia congelar, mas a água estava ótima, com a roupa não passava de uma água fria e só minha mão, que estava descoberta, ficou para congelar. A transparência era incrível e de um verde maravilhoso. No trajeto a paisagem era estonteante, os alpes, quedas d'agua, rochedos, pequenas ilhas de pedras brancas, pequenas pontes de madeira... Mas fotos nem pensar, afinal eu estava remando e a correnteza nos levava rapidamente... A pesar de trabalhar menos que outros, pois estava remando com o professor, ganhei até elogios por ser uma boa parceira. Enroscamos em uma pedra, tive que pular na água e puxar o barco, foi bem divertido e creio que da pra viciar bem fácil nesse esporte. Descemos o trajeto em 3 horas, mas o que são 3 horas quando está divertido? O fim tem gostinho de quero mais.
E nosso fim de semana continuou na mesma tranquilidade. Hunor correndo atrás das borboletas e rindo alto sempre que passavam por perto. Sua carinha se iluminava com as asinhas rápidas e sua esperança de pegá-las era sempre a mesma, mesmo sem muito resultado. Ele as estudava e sorria contente com seus aprendizados. Joguei futebol com os dois e eles ficaram animadíssimos em aprender os dribles e chutes - vergonha admitir, mas meus filhos não conhecem muito do futebol, na copa do mundo Zsombi estava torcendo pro jogador de preto, que era o juíz, mas isso será remediado e vou inscrevê-lo no timinho de futebol de Pécs, afinal um brasileiro deve saber o básico, pelo menos - Zsombi passou o dia fazendo amizades e perguntando o funcionamento de tudo, meu pequeno cientista. Fez amizade com as mocinhas da casa e deixou até flores com uma delas ao se despedir. O Hunor, já mais atiradinho, se aproveitando de ser pequenininho, roubava uns beijinhos e dava abraços longos e apertados... Esses meus meninos vão dar trabalho... No último dia não tive que ficar em cima deles, já que eles tinham suas admiradoras cuidando.
As crianças também gostaram de diminuir o rítmo e ter seu tempo para maravilhar as coisas pequenas e corriqueiras, como a asa de uma borboleta, ou o mecanismo de uma barraca. Nesse mundo paralelo, onde podemos escapar uma ou duas vezes por ano, tudo é mais vivo e claro, sem a poluição de informações tentando entrar o tempo todo... Um tempo para você analisar o que quer e não o que te empurram goela abaixo. Um lugar para descobrir o que somos e o que realmente queremos. Lugares assim deveriam ser obrigatórios para a construção de pessoas melhores, de um mundo melhor. Onde se sente o ar entrando pelas narinas, onde se ouve o coração batendo, onde se sente que temos um coração...
Carpe diem!
COMENTÁRIOS AQUI!:
- Carol,adoro seu blog...
Bj
Roberta - Foi bem gostoso viajar com Voces! Adorei que dessa vez voce pode esperiementar o rafting e curtir um pouco mais da paisagem.
Proxima vez vamos descer so nós 2 num barco!!! Ta?
e fica tranquilo, quando a gente tiver nossa casa nos alpes, voce vai poder escrever e ler bastante :)
Te Amo
Zsombor - Ah que delícia parecer ter sido Cá... mas não sei se eu iria no negocinho... mas dos esportes radicais acredito que esse é o único que teria alguma chance comigo.. ahahah
Beijos queridos!
Juliana - Que bom Roberta!
Espero continuar agradando sempre. :)
Beijinhos! - Ah, amor, que delícia!
Ok, então um dia teremos uma casa nos alpes, certo? :)
Adoro sonhar com vc!
Te amo!
Beijos! - Oi Ju!
Falei que nesse texto você não ia chorar... ahahha
Esse rio foi bem light, pra quem quer começar mesmo, não teve momentos de desespero... ahahahha Mas foi lindo demais, acho que vc iria gostar. Quem sabe vc vem com o Marcelo num desses, eu cuido do bebê. :)
Beijos linda! - Oi querida, só agora pude ler os seus últimos textos. Que viajem deliciosa vocês fizeram nos Alpes!!! E me emocionei com o texto da semana passada...você sabe que trabalho em função desses lindos momentos que passamos juntos e também sempre fico com a sensação de que deveria ter abraçado mais, beijado mais vocês, nunca parece o suficiente. Muitos beijos da mamãe!!!
- Oi Mami! Sim, foi muito gostosa e em boa hora, quebrou aquela onda de não saber por onde começar quando vocês foram embora, continuamos com saudades, mas entramos no rítmo. A sensação de que deveria ter abraçado mais sempre permanece... Da próxima vez eu melhoro isso... :)
Beijos! - Oi Carol
Ai estou babando aqui, os sorrisos de vocês nas fotos não negam que essa viagem foi incrível, eu estou aqui babando aqui, que lugar lindo!
Até rafting?! Que tudo, isso que é coragem, se fosse eu tinha ficado só olhando! ahauhauh
Beijokas
Boa Semana
Livros & Fuxicos - Oi Pah!
foi delicioso sim! E se vc for dar uma olhadinha na página "Para ver e rever" do blog, tem vídeo nosso.
Amei o rafting e por mim podia até ter partes ainda mais radicais... rsrsrs O rio não estava com a água muito alta, o que fazia com que enroscássemos, mas não estava tão rápido, por não ter muita força da água... :) Acho que assim até vc ia curtir... :)
Beijinhos! - Que delícia de viagem. A maior curtição. Certíssima! Renova a alma, não é mesmo? Muito booooommmmm!
Beijos querida. - É Celi, um ótimo remédio para saudade, acho que descobri a receita... rsrsrs
Beijinhos! - que delicia! que bom conhecer vcs! vou esperar uma hora mais oportuna e ler com atencao seus post! agora tenho este monte de meninos me esperando para a proxima atividade! adorei!
- Esta postagem foi removida pelo autor.
- Carolzinha, primeiramente preciso pedir minhas sinceras desculpas por ter sumido um pouquinho daqui. Confesso que já estava sentindo falta do seu cantinho!
Eu AMEI esse seu texto. Na verdade eu amo todos os seus textos, hahaha!
Puxa, fiquei encantada com essa sua viagem! A paisagem é perfeita! Eu adoraria morar num lugar assim.
Morro de vontade de praticar rafting. Um dia eu ainda realizo esse desejo! huahuahua
Que fofinho seu filhote correndo atrás das borboletas! E eu morri de rir na parte que você falou sobre o Zsombi torcer pro "jogador de preto", hahaha!
Quanto à casa assombrada, eu também ficaria morrendo de vontade de entrar. Sou muito curiosa.
Beijinhos - Biba, que bom que vc gostou e fico muito feliz que queira voltar para ler mais. :) Espero que volte sempre... Beijinhos!
- Thay querida, imagina, não tem que pedir desculpas, eu tb sumi.... tanta coisa acontecendo que nao tenho conseguido tempo pra ler blogs que gosto, o seu é um deles, claro, adoro ler seus textos e faz um tempão que não passo por lá. Mas vou arranjar um tempinho.
O rafting realmente vale a pena, foi muito gostoso! O lugar é delicioso e pretendemos voltar no ano que vem. Quem sabe eu nao entro na casa assombrada... ahahahahah Sou xereta mesmo! :)
Beijinhos! - O silêncio também me calou, coincidiu com a sua ida para a Hungria, eu não tinha notado até que o pai me perguntou "por que você não canta mais?"
Acho que é porque passo muito tempo fora de casa.
Volte a cantar filha, isso faria um bem enorme a você e às crianças. Principalmente ao Hunor que tem essa natureza. Beijos Mamãe - Sim, mãe, o mesmo motivo que eu, nos esforçamos para não sair cantando na frente de estranhos e agora não temos mais esse costume. Mas que bom que descobrimos! Comece daí, que eu começo daqui tb... ;)
Beijos!