Num
casamento, uma das coisas mais importante é saber renovar e manter a paixão
entre o casal. Com o tempo, nos acostumamos com a presença daquela pessoa que nos tirava o
ar e fazia tudo parecer iluminado logo que víamos. Não me entendam mal, ainda
espero ansiosa o final do dia de trabalho e meu coração ainda dispara de
felicidade ao ver o carro estacionando na frente da casa e se tem algo que
fazemos muito bem, é isso: manter a paixão acesa. Mas é algo se deve-se lembrar
de cuidar, uma florzinha delicada que precisa da luz, da chama, para despertar todos
os dias.
São muitas
as coisas que despertam meus sentimentos pelo meu marido: Quando ele, todos os
dias, puxa o sofá onde estou sentada para mais perto dele, enquanto vemos um
filme a noite, e assim pode segurar minha mão; quando ele reclama que vou para
longe dele ao deitarmos na cama e então dorme abraçadinho comigo; quando
passamos horas conversando sobre qualquer coisa, como melhores amigos, e ele
diz que passar tempo comigo é a melhor coisa do mundo; e mais milhões de pequenas
e grandes coisas que eu sonhei um dia e ele realiza.
Porém,
ultimamente, descobrimos algo que nos remeteu a paixão louca de adolecente e
que nos faz agradecer todos os dias por termos vencido tantos obstáculos para
estarmos juntos: meu livro.
Quando comecei
a escrever nossa história, no começo desse ano, pensei que iria contá-la como
sempre conto quando alguém me pergunta como nos conhecemos, já com as linhas
decoradas e as mesmas piadas. No entanto, não foi assim, com o livro descobri
uma pequena passagem no tempo.
Eu não
apenas conto lembrando do resumo de nossa história, eu viajo até lá, 12 anos
atrás, e revivo tudo o que vivemos, vou puxando os detalhes da linha do tempo e
vejo coisas que eu nem me lembrava. Revivo conversas bobas e as desesperadas.
Analiso todo o medo por um outro ângulo – o de quem sabe que tudo vai dar certo
– e emociono-me com o resultado.
Até agora
era só eu, viajando na nossa aventura. Eu olhando-o de forma diferente,
arrancando risos dele com os olhares de antigamente e beijos de gratidão. Mas
durante esse mês, ele começou a ler o que eu escrevo, viajou comigo no tempo,
entrou em cada pensamento meu da época, que eram desconhecidos por ele até
então, e foi tomado pelos mesmos sentimentos que vem me preenchendo o ano todo.
Relembrar o caminho por onde passamos para chegar até aqui é uma maneira
maravilhosamente mágica de planejar os caminhos futuros, de saber quem somos e
onde queremos chegar. É trazer de volta cada sonho, ver o que realizamos e
retomar o que deixamos para trás. É analisar de maneira mais adulta todas as
decisões e rir das besteiras e maravilhar-se com o que fizemos certo. É ter
como tema nós mesmos e nossa felicidade.
Meu
casamento nunca esteve em crise - repito - e com essa terapia de virarmos
adolecentes novamente, tenho certeza que nunca estaremos.
Meu livro
pode não ser um “best seller”, pode ganhar más críticas futuramente, pode não
causar impácto, mas o que já ganhamos dele dia a dia, já valeu cada palavra
escrita, cada linha torta, cada página virada. Será sempre nossa portinha para
o passado, imortalizando quem fomos e com o que sonhamos.
Nosso amor
é um livro aberto.