Escrevi muitas vezes sobre a força que os comentários tem sobre mim, mas creio não ter deixado tão claro a importância de cada linha que me escrevem.
Quando criei esse blog, o primeiro blog da minha vida, eu não sabia o que esperar, nem ao menos costumava ler outros blogs. Ao criá-lo, não pensei em elogios ou apoio, eu precisava de uma maneira de medir minha escrita e críticas para melhorá-la, era "o começo". Seria minha escrita realmente boa o suficiente para que alguém perdesse tempo com alguma história que eu escrevo? Na verdade não acreditei no crescimento do meu blog, achei que receberia alguns elogios da família e algumas críticas do resto do mundo, pela prepotência de achar que escrevo bem, mas que meu público ia ficar naquilo.
Logo que publiquei meus primeiros posts fui surpreendida. Eu realmente estava recebendo elogios da família, mas isso incluia pessoas que eu não via há muito tempo, pessoas que eu não tenho idéia como descobriram meu blog e que me relacionaram ao meu avô. Meu avô era um poeta e contador de estórias, entre outras milhares de coisas que fazia muito bem, como domar cavalos, por exemplo. Ele tinha uma compreensão diferente dos acontecimentos e das pessoas, a pesar de não ter escolaridade, era um sábio e sempre que falava, todos paravam para ouví-lo, pois realmente valia a pena. Jamais tive a ousadia de me comparar com ele, a não ser pelo enorme amor pela família que eu, assim como ele, tenho e preservo. Ler em comentários essa comparação foi, com certeza, um momento alto em minha vida, uma revelação de uma centelha - mesmo que muito pequena - dele que brilha em mim. Senti a presença dele em meu ser, em alguns gestos e fundamentos das minhas reflexões. Isso fez-me pensar na minha vida pelo ponto de vista dele, o que ele diria da minha história e foi aí que escrevi "Domadora de cavalos". Esse título foi inspirado nele, que tinha orgulho de dizer que foi tropeiro e domador dos melhores, batendo no peito e mostrando sua força em plenos 80 anos de idade. Homem forte que nunca se abateu e que fez exercícios até seu último dia de vida, jamais admitindo ficar doente de cama. Meu avô tinha uma sabedoria e compreensão de vida tão grandes que escolheu a hora de morrer e apagou sem dor, quando achou que era a hora, nos braços da minha avó, como ele mesmo havia previsto que seria.
Meu irmão escreveu-me o melhor parabéns da minha vida no aniversário desse ano, quando escrevi um post de aniversário para nós dois, que temos as datas muito próximas e declarar tudo o que eu deveria ter sempre dito milhares de vezes a ele, mas que o dia a dia acaba apagando da lista de afazeres. Meus pais declararam seu orgulho por mim mais que nunca, não que eles não o fizessem sempre, mas agora recebo um carinho deles a cada semana e vê-los emocionados com minha declaração ao meu irmão e sua resposta depois foi um presente que o blog me proporcionou. Ao escrever "Eu e o monstro", meu marido me revelou uma outra parte de mim, a imagem que eu sempre quis ver no espelho e que ele enxergou tão bem com sua "lente do amor". E foram outras inúmeras revelações feitas por parentes, amigos, desconhecidos, pessoas que também escrevem e que foram entrando no meu mundo...
Os comentários foram chegando e eu me viciando com esse relacionamento contagioso de "eu abro meu coração e vocês enchem de força". Cada nova postagem, uma espera ansiosa pelo ponto de vista de quem lê e depois de cada comentário, a surpresa em descobrir que mais gente se sente como eu, uma força gigantesca para vencer meus medos e obstáculos, descobrir novas partes de mim que eu não conhecia, fazer com que eu olhe para mim mesma e queira ser uma pessoa melhor, meu cenário todo iluminado por novos refletores, vindos de outros olhos. Eu no palco, fazendo meu monólogo, mas o mais importante: Os aplausos no final, aquele público que faz com que eu sente em frente ao computador e pense sobre quem eu sou e que impacto eu quero causar ao mundo.
Meus textos talvez não tenham o poder de mudar o mundo, mas seus comentários, com certeza, melhoram o meu. Pra que lapidar-me sozinha, se tenho a ajuda do mundo?