Desconexa

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Foto de Jacob Sutton (de acordo com o Google)

Observo o imaculado branco do papel eletrônico aberto a minha frente, sem saber o que escrever, sem ter idéias claras do que penso hoje, como se eu não estivesse aqui, não ocupasse esse corpo.

Uma núvem densa atrapalha a concentração e faz tudo parecer confuso. Engraçada essa percepção de sentir somente a sombra do que eu penso ou sou. Começo a ler meu livro e meio às palavras coloco imagens do dia, do passado ou dos planos, faço listas e viajo, às vezes sinto que li o vazio, palavras que voaram a minha frente e passaram despercebidas, mesmo sem ter outra coisa para pensar, apenas um vazio…


O que faz essa núvem instalar-se em meu território? Quem autorizou a ela que ocupasse meu interior com esse enorme nevoeiro? Quero enxergar as cores vivas e sentir vontade de escrever palavras inteiras, conseguir suspirar  com os parágrafos do livro que estou lendo e não cometer o disperdício de lê-lo sem mergulhar no significado de cada expressão!

Se esse texto parece desconexo, não é por acaso, ele é apenas um bom esboço do que sou nesse instante, sem nem ao menos saber o por quê. Palavras soltas, meias palavras, sentidos entorpecidos, sem serem doces, nem amargos…

Seria tudo isso um abandono momentâneo de alma?

Tenho duas teorias sobre o caminho que minha alma pode ter tomado:

  1. A primeira seria a ausência de meu marido, que está viajando por uma semana e leva consigo grande parte de mim. Teria ele levado, por descuido, a alma inteira? Vou pedir para que ele cheque em sua bagagem, porque aqui está fazendo falta, obrigando-me a escrever esse blá blá blá, só para testar até onde o vazio me deixa pensar, até onde as sombras de mim ainda moldam o que sou;
  2. A segunda teoria, viria de planos futuros. Daqui uma semana estarei viajando para o Brasil e desconfio que minha alma, em sua grande impaciência ou falta de atenção, tenha errado a data e já se mandado sem mim. Seria ela tão ingrata de ter se dado férias sem nem mesmo me ajudar a fazer as malas? E os textos que tenho encomendado para outros blogs? Se esse for o caso, minha alma perdeu a cabeça e deixou-me com todo o trabalho para fazer assim, entre neblina e desconcentração.


Seja qual for o motivo, vou fazendo o que posso, tentando intensificar as cores com cafeína, tentando pensar em tudo com listas feitas a longo prazo - escrevendo itém por itém, de acordo com o passar das núvens em minha cabeça. Na melhor das hipóteses – que seria o descuido do meu marido por ter levado a alma toda – amanhã recebo ela de volta e conseguirei terminar as malas e os textos. Se o caso for a viagem antecipada, o texto da semana que vem sairá tão sem sentido quanto o de hoje…

Registro essa minha nebulosa ausência de espírito com o pedido: divulguem no face para ajudar-me a encontrá-lo!
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