E um mês nunca passou tão rápido quanto este...
Em julho, depois de mais de 2 anos, finalmente
visitei meu Brasil, minha cidade, minha linda família e meus muitos amigos.
Normalmente, em minhas visitas ao Brasil, os
dias de semana passam tranquilos e os finais de semana são sempre cheios de
encontros entre família e amigos. Dessa vez, foi um pouco diferente, pois
tratou-se de uma nova fase em minha vida: eu escritora, realizando meu sonho e
trabalhando muito para isso.
Logo que chegamos, eu e meus dois filhos, fomos
recebidos por minha linda família com churrasco, muita bagunça, conversa,
risada, abraços... As crianças corriam pela casa, faziam barulho e se divertiam...
Apertou uma saudade da infância, que foi marcada por muita brincadeira com meus
primos, todo final de semana, no sítio dos meus avós. Mas não pense que era uma
saudade triste, pelo contrário, essa saudade era do tipo que te faz sentir no
melhor lugar do mundo, de volta às raízes, agora, assistindo os meus filhos
fazerem o mesmo com os filhos desses mesmos primos. Sensação indescritível
sobre o que mais me faz falta vivendo longe do Brasil.
Durante a semana, no entanto, houve muito
trabalho. Meu livro, Grãos de Areia, seria lançado em dois maravilhosos eventos
na minha cidade natal, Sorocaba.
Tempo para a organização: apenas algumas
semanas de muita correria, divididas entre reuniões com os responsáveis pelo
local do evento, contratos e publicidade. Nos intervalos, tive que trabalhar
pela internet, fazer as vendas, postar os livros e escrever muitas
dedicatórias.
Não, não estou reclamando, pois amei essa
brincadeira de poder, finalmente, dedicar meus livros a cada pessoa que irá
partilhar da minha história. Adorei até o fato de pegar fila no correio para
postá-los. Foi maravilhoso ver tudo acontecendo de pertinho, fazer pilhas de
livros para embalar e concretizar o que, pela internet, são apenas números.
O frio na barriga, misturado à excitação de
realizar um sonho e a emoção de estar bem pertinho dele, senti-lo palpável,
marcou toda minha estadia no Brasil. Foi um mês de muita adrenalina no sangue.
Revi muitos amigos, por pouco tempo. Com a
maioria, só tive tempo de trocar umas palavrinhas na hora de autografar seus
exemplares. Mas que sensação maravilhosa ver quantos amigos apareceram para me
apoiar e partilhar da minha felicidade!
No primeiro evento, que aconteceu no Shopping
Cidade, Livrarias Curitiba (livraria essa, que continua a vender Grãos de Areia), eu preparei um papel com os tópicos de tudo o que deveria falar. Na
minha cabeça, eu havia treinado discursos lindos e longos, onde tratava de
todos os assuntos de maneira inteligente e interessante. Bem, no momento do
discurso, eu comecei a falar e atropelei todas as ideias, fiz piadas que não
estavam no script, mudei a ordem dos tópicos, que estavam tão bem organizados e
pensados, e falei mais do coração do que do papel... Olhava para meu humilde
ponto de apoio e não conseguia ler uma frase que fizesse sentido. As letras
dançavam e uma palavra ou outra pulava à vista para que eu me lembrasse de mais
alguma coisa que deveria dizer. Foi um pouco desesperador, mas creio que tenha
me saído bem. Embora eu não me lembre ao certo do que falei, sei que tirei umas
lágrimas de parentes e amigos, o que, sadicamente, adoro fazer!
Ao sentar-me para escrever as dedicatórias,
minhas mãos tremiam e tive que respirar fundo antes dos primeiros rabiscos. As
palavras me fugiam e penso que eu gostaria de ter escrito muito mais, para cada
um que passou por mim.
Fotos, abraços, palavras e tinta de caneta...
Meu mundo preenchido de gratidão e orgulho por ter chegado onde queria, mais
uma vez.
No segundo evento, no Gabinete de Leitura
Sorocabano, por algum motivo, eu estava ainda mais nervosa! O ambiente era
solene, eu fiquei numa mesa que parecia um palco e meu discurso, novamente,
fugiu do meu controle. Dessa vez, arranquei uns risos com as piadas que fiz
para me acalmar e o clima do discurso não foi de tirar lágrimas, mas creio ter
sido satisfatório. Acho que todos sabem que eu não sirvo pra falar... meu
negócio é escrever! Enfim, mesmo fora do que tinha planejado, me saí bem o
suficiente para prender a atenção por algum tempo. Uma das coisas que me
acalmou, foi ver meu filho, lá no fundo da plateia, fazendo, com as mãos, um
coração para mim e mandando beijos. Como não amar uma situação dessas?
Houve um brinde com os convidados, mais
dedicatórias, pessoas novas, interessadas em minha história... Até mesmo um
ídolo meu, o jogador Paraná, que jogou na seleção brasileira e no meu time do
coração, o São Paulo, quis um livro com dedicatória e uma foto comigo!
O mês passou rápido demais, como uma estrela
cadente, realizando sonhos e arrancando sorrisos, enchendo o coração de
lembranças boas e gratidão. O tempo voa quando nos divertimos e, por mais batida
que seja essa frase, não há descrição melhor para esse fenômeno.
Quando pude respirar e tudo se acalmou, já
estávamos no aeroporto, voltando desse sonho bom. As crianças reclamando que o
tempo foi curto, meus pais com um sorriso forçado e lágrimas nos olhos... Voltamos
à Hungria.
Estávamos com saudades do meu marido e o verão
nos abraçou calorosamente. Senti-me em casa.
Amar estar no Brasil e amar estar na Hungria...
É um constante misto de saudade e gratidão, de
felicidade e uma pontinha de tristeza. Assim vivemos entre dois mundos: com
muita razão para amar.