Voando alto

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020



A contagem regressiva para o final do ano; a expectativa de um recomeço... Por que isso importa? Por que não fechar ou começar algo a qualquer momento? Qual a necessidade de esperar aquela data durante dias ou até meses? O que um novo número traz de real, palpável?


Para fechar um período difícil, saber-se no último dia do ano é confortável, representa um fim, o fim da dor, o fechamento do que a causou... Mas estando longe dessa data, você espera da mesma forma, junta todos os seus lutos e fracassos, e culpa o ano. O mesmo ocorre para novos planos e coisas boas, você espera um sinal, uma largada. Espera, principalmente, que com a transformação do número no calendário, você também se transforme, sua sorte se transforme! O renascimento da esperança ocorre. Você pensa: Agora tudo é possível!

Tecnicamente, tudo seria possível o ano todo, no entanto, a ideia do recomeço está ali implantada, na mudança daquele número que cresce ano a ano...

Ando intrigada com essas questões, refletindo sobre minhas ações ao decorrer do ano e o desejo de colocar planos em prática, porém, sem a intenção de fazer diferente. Como um pássaro que migra e, de repente, em sua viagem de volta, se pergunta o porquê de ter deixado aquele lugar e voltar justamente agora, seguindo todos os outros, pergunto-me: Por que sigo esse fluxo?

Migrei o ano inteiro que passou. Migrei para muitos lugares: aventurei-me longe da escrita; mais perto dos acontecimentos do dia-a-dia, acontecimentos que pareciam distantes, até mesmo alguns nobres em seu propósito... No entanto, eu sabia que tinha que retornar. 

Mas quem retorna ao seu propósito antes da contagem regressiva, antes da comoção dos bandos de pássaros, que hipnotizam na imagem de um céu desenhado de certezas sobre a direção a ser tomada?

A viagem, só então é certa. A energia de seguir em frente é palpável!

Talvez o retorno não tenha sido apenas uma espera e sim um limite. O limite para que eu não continuasse a empurrar minhas intenções, afinal eu estava muito confortável fazendo de tudo um pouco, menos o que eu planejo terminar há anos. Ter aquela obrigação sempre ali, te acompanhando para onde for, saber que você quer fazê-la, pois foi sua escolha, e continuar a ignorar sua presença, continuar a fazer as milhares de coisas que jamais darão espaço, se você não o fizer... Por que não arrumar de uma vez?

Agora, ou eu migro com o bando, ou continuo fazendo o mesmo, até que uma nova energia me convide novamente para voar. Proporcionar essa mesma energia sozinha é possível, claro, mas é um esforço muito maior. Acordar um dia de manhã, no meio do ano, e dizer: A partir de hoje farei diferente! - Seria preciso de muito mais força de vontade.

Existe uma leveza no início de cada ano, uma atmosfera carregada de esperança, novos planos, boas intenções, e é a crença na mudança que faz o novo número funcionar como um amuleto, essa atmosfera arrasta uma multidão à frente, nos faz debandar. Não é o número em si, são todas as faces viradas para o futuro. Todos tomando a mesma direção, avante, com uma fé multiplicada, causada pela chance de começar de novo. Seja lá o que você estragou ou quer tentar, está começando algo, então, esse é o momento de voar!

Estamos todos batendo as asas e iniciando nossa vagem. Alguns irão parar antes por terminar rapidamente o que começaram ou por simples desistência, talvez, por não conseguirem encaixar na rotina o novo plano. O bando vai se dispersando e é preciso lembrar de que não basta alçar voo, o caminho é longo e temos que continuar batendo as asas na direção que gostaríamos de chegar. Será preciso persistência, consistência nas novas tarefas.

A passagem do ano me trouxe o limite necessário para reorganizar minhas prioridades, assim como para muitos. Planos em ordem, visão esperançosa e todo tempo do mundo a minha frente. Isso é real, é palpável. Esse é o espírito!

Que consigamos voar alto e seguir olhando para a frente, com esperança nos próximos dias, até o último dia do ano, que nossos planos sejam colocados em prática, com persistência para fazê-los até o fim e que consigamos tirar o melhor deles.

Para você, boa viagem e um persistente ano novo!

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