Ela canta alto e
fala mais alto ainda, quando briga é de megafone para que sua opinião seja
escutada na devida intensidade de quem põe pra fora toda mágoa e paixão. Ela é
feita de raios de sol e faísca de brasa e não se esfria sem soltar fumaça.
Vivendo entre „icebergs”
e flocos de neve, impossível não marcar seu rastro esfumaçando o caminho,
fazendo confusão e causando estranhamento por onde passa.
Por que ela
queima? Por que deixa rastro?
Enquanto tudo é
silêncio, ela quer cantar com o som no último volume, atrapalhando a „paz”.
Por que cantar
alto? Por que aumentar o volume?
Não entendem
como a pequena faísca pode fazer tanto barulho, não entendem porque gosta mais
de quente que de frio e porque sua paz reside no ritmo vibrante. Acham-na
exagerada, ela e sua risada alta, seu sorriso constante, que só pode ser falso,
e seu urro de raiva quando tropeça ou derruba algo.
O gelo jamais
entenderá suas faíscas. A brasa, vem de um Brasil, queima, deixa marca, grita e
depois ri bem alto de tudo. Até a maior das fúrias e o pior dos cenários, vira
calmaria e motivo de esperanças. Culpa do sangue latino, que irresponsavelmente
só vê o lado bom, que se revolta numa grande nuvem de fumaça e depois volta a brilhar
nítida e limpidamente.
E se tudo der
errado? Não pensa nisso? Não tem planos para o pior?
Não, a brasa só
vê luz e vai acendendo tudo por onde passa. Brinca de fazer desenhos no ar até
na maior das escuridões. E enquanto o gelo conserva tudo para um futuro mais
difícil que possa aparecer, ela consome preocupando-se em tornar tudo mais
claro hoje! Afinal, ela vive hoje!
Passa iluminada
e satisfeita com a vida como ela é.
-Tudo bem?
-Tudo! – diz com
sorriso sincero num dia nublado.
-Quem é ela? –
pergunta a terceira pessoa, chocada com o calor da resposta.
-Essa é a
brasileira. – cochicham.
-Ahhh, tudo
explicado…