Era uma vez
uma menina que sonhava escrever histórias encantadas.
Quando bem
pequena, antes do tempo, queria saber escrever, vivia pedindo para copiar
palavras que sua mãe escrevia num pedaço de papel ou pegava um livro e tentava copiá-lo.
Depois de alfabetizada, sonhou com uma máquina de escrever, pois as histórias
em quadrinho que fazia, ficariam mais bonitas com escritas de máquina. Certo
dia, ela ganhou a máquina de natal, pois ainda acreditava em Papai Noel.
Mas como
muitos sonhos bons, que são esquecidos assim que acordamos, o dia a dia foi
apagando a imagem forte daquele sonho e forçando-a a escolher uma carreira de
gente grande. Esquecida daquele sonho que foi se apagando, ela pensou em ser
veterinária, jornalista e, por fim, fez faculdade de publicidade.
Sua vida
tomava um rumo bem concreto, de quem vive uma realidade planejada e segura e
deveria estar feliz por isso, mas não estava. Algo faltava, mas o mundo de
gente grande dizia para não acreditar em contos de fada. Para viver a vida
encantada, ela já teve a infância, como todos os outros. Teve a chance de
acreditar em tudo o que permite a pouca idade: Papai Noel, coelho da páscoa,
príncipe encantado, magia, encanto, sonhos...
Depois de
certa idade tudo isso é desvendado e a sociedade grita lhe dizendo que não
existe nada daquilo, nem o Papai Noel, nem o sonho encantado... Você cresceu,
haja como tal!
Foi então
que ela conheceu a bruxa, que virou sua amiga e disse-lhe que existia um
príncipe, vindo de um reino de muito longe em seu cavalo branco voador. A
princípio ela não acreditou muito naquilo, mesmo sabendo que a sua amiga bruxa
tinha poderes de verdade, ela já não acreditava mais, era no príncipe!
Mas a
menina teve sorte e o que lhe restara de fantasia, mesmo sem querer, a ajudou no
reconhecimento de seu príncipe, quando ele apareceu. Ele era exatamente como a
bruxa havia lhe falado e a profecia se completava.
Lutaram com
dois dragões, de mãos dadas. Primeiro eles tiveram que vencer o dragão do
tempo, depois um outro chamado distância. A luta não foi fácil, mas, juntos,
eles venceram com coragem e determinação.
A menina
viveu seu feliz para sempre, casando e tendo filhos com seu príncipe, e era
muito feliz cuidando de seu castelo.
Acontece
que seu príncipe era tão encantado, que insistiu para que ela lembrasse de seus
sonhos de infância, pois ela teria que fazer alguma coisa por ela mesma, além
de cuidar tão bem deles e do castelo. Ele queria vê-la completamente realizada,
não só em parte, embora fosse a parte mais importante, para ela.
Ele
insistiu.
Então a
menina, que já era mulher a essa altura, lembrou-se de que queria escrever uma história
encantada.
Seu
príncipe ficara muito feliz, ajudara em tudo o que fora possível e acompanhara
em cada parágrafo, cada inspiração, sempre cuidando dos seus principezinhos
quando ela queria escrever...
E assim ela
escreveu a sua própria história, seu conto de fadas, que se tornou realidade,
para dizer a muitas outras meninas que os sonhos encantados existem e não
deixam de ser verdade só porque crescemos, nós é que temos a tendência de
deixá-los de lado para viver o que outros pensam ser o final feliz de adulto.
O livro
“Grãos de Areia” nasceu e ela viveu feliz para sempre em seu castelo, com seu
príncipe encantado e sua família de conto de fadas, sempre escrevendo como uma
menina...
FIM