Verdades de mim escorrem pelas linhas, passam por olhos alheios, criam opinião num rio de sinceridade, intimidade.
Como delator das coisas que penso, meus dedos contam tudo, denunciam, detalham, exibem, apontam.
Ao escrever não escondo fatos de mim mesma, sou obrigada a olhar e confrontar com o que minhas escritas sussuram ao pé do ouvido, à ponta dos dedos, à flor da pele. Histórias minhas que trazem saudades, lágrimas, sorrisos e até surpresa com o que, despercebido, foi passando ao fundo do meu cenário, longe de minha atenção, mas que meus dedos captaram com minúcias. Crônica, delato de mim mesma, clone do meu interior complexo, vindo a tona de forma mais clara que o original, que nem eu mesma compreendia.
E na vida escrita sou mais interessante que na vivida. Sou grande e profunda, clara e sincera com versão corrigida, editada e assinada, pronta para ser lançada aos olhos da crítica. Pois meus dedos são delatores, mas não traidores... Ainda assim teimam em sublinhar minhas melhores partes.