Ser feliz tem seu preço?
Das coisas estúpidas que carrego comigo,
uma delas é a crença de que minha felicidade tem um preço. Sou feliz a maior
parte do tempo e nesses dias em que estou triste, esses dias contados já há
mais de semanas quando estou longe de minha metade, eu chego a acreditar que é
merecido, é minha parte de tristeza obrigatória por ano.
Mas que besteira é essa? Por que eu seria
punida por ser feliz? Por que me sentiria culpada por ser mais feliz que
muitos?
Posso sentir-me bem e feliz com minha
família, no meu país, mas ao mesmo tempo falta, falta você! Sua presença física é necessária ao meu mundo materialista e
carente. Seu amor presente e constante faz-se preciso em minha memória
sentimental fraca, que como uma velha pilha recarregável, dura muito pouco
longe da fonte. Fica um vazio bem no centro do peito, que pode ser mais agudo
ou torpe, dependendo do momento.
Dos momentos: as noites são agudas, o sono
é leve e o buraco é negro... Noites em claro, sentindo sua falta, sentindo o
espaço frio ao meu lado na cama. Uma saudade que aperta o peito tentando imaginar
apertar suas mãos entre as minhas, um frio que me cobre na falta do seu abraço.
Sou ao mesmo tempo vazia e cheia de algo pesado que carrego. Nessas noites
escuras, nem mesmo a inspiração me acompanha e meus dedos são obrigados a
digitar qualquer coisa que expresse esse grito que está preso em minha
garganta.
Sou feliz, mas não estou feliz sem você. Estou
feliz por rever pessoas amadas, mas não sou completamente feliz sem você. Sou
contradição, alegria e tristeza, gratidão e insatisfação, caos...
Não tenho direito de reclamar porque ganhei
da vida o que mais sonhei: um grande amor eterno, um desvario, uma metade que
me faltava, a perfeição de ser apaixonada - e correspondida no mesmo grau - por
meu melhor amigo.
Mas seria isso mesmo? Pagamos por algo que
recebemos ou eu acredito tanto nisso, no medo de ter uma vida tão perfeita, que
acabo passando por momentos assim de alguma forma? Eu crio minha tristeza para
sentir-me em troca com o mundo? Por que precisamos passar sempre algum tempo
separados, lutando eternamente contra essa constante distância que nos
acompanha?
No entanto, se alguma forma de pagamento
faz-se necessária, deveria ser com o compromisso de fazer o mundo mais feliz ao
invés de entristecer-me com ele, para ele.
Uma ajuda, uma mão, uma amiga, uma
história, de alguma forma o melhor de mim, para fora e não o contrário! Acabar
com o pior de mim e concentrar-me só no melhor, derrubando a crença das compensações,
implantando a fé na abundância de ser e criar felicidade.
Ser felicidade, apenas SER!