Sigo com meus
pequenos passos, calçando apenas 34. A distância do objetivo nunca me assustou,
assusta-me não tê-lo.
E quantas vezes
já me aconteceu de olhar pra frente e ver um ponto beeem distante, chamado de
meta ou sonho?
Lembro-me de
quando eu fazia natação. Competições de velocidade nunca foram minha
especialidade, pois com braços finos e pequenos, enquanto eu dava três
braçadas, os outros davam uma e chegavam muito mais rápido ao final da piscina.
Porém, sempre fui muito boa em resistência, e de braçada à braçada, eu
continuava até chegar ao mesmo número de voltas que os meninos, donos de braços
e pernas mais fortes, conseguiam completar exaustos. Resistência e teimosia são
duas palavras muito próximas, pois minha exaustão já havia chegado há muito
tempo antes de completar o circuito, chegava a sentir enjoos e gritava embaixo
da água, mas parar, jamais! Sempre fui assim, uma pessoa “passo a passo”,
concentrando-me apenas em dar mais um sem desistir. Eu sabia que se olhasse ao
final do caminho, lá longe, poderia desistir no mesmo instante, pois seria “impossível”
dar mais centenas de braçadas no estado de cansaço que me encontrava, mas eu
tinha a consciência de que podia dar mais uma... Por que não mais uma? E mais
uma...
E assim faço com
tudo na vida. Topo com sonhos “impossíveis” e examino a situação até achar uma
brecha para dar um passo mais próximo em sua direção, que pode estar a
quilômetros, sem nem pistas do final do caminho... Basta saber a direção e
continuar sonhando.
Foi difícil
dizer como ou quando eu conseguiria fazer de um namoro de dois meses, virar um
romance para a vida inteira. O começo do caminho dizia que era uma rua sem
saída, com um alto muro concreto de impossibilidades, mas eu sabia que podia
dar mais um passo na direção do muro para vê-lo mais de perto e, passo a passo,
percebi que o muro era feito de medo. Chegando mais perto, ele afastava-se na
mesma proporção, sempre o suficiente para que eu não visse o final,
afirmando-se intransponível. Mas eu podia dar mais um passo... Passo a passo
estou eu aqui, vivendo um sonho “impossível”.
E quanta gente
olhou pra esse muro e deu meia-volta?
Estou eu
novamente agora com o muro a minha frente. Mas já chego a adorar a imagem dele
e tudo o que ele representa. Meus melhores passos, os mais decisivos, sempre
foram em sua direção.
Meu atual muro
está à frente do sonho de ser escritora, de ter um livro (ou vários, mas vamos
passo a passo) publicado. Falando assim, parece algo muito grande, pelo menos
para mim, que nunca fiz isso antes e não tenho contatos com editoras. O muro
está lá, desafiando-me e afirmando que não há uma continuação. Sorrio em sua
direção e levanto a cabeça, aceitando o desafio.
Escrevi o livro,
o passo principal, o começo de uma longa caminhada – não que tenha sido fácil,
mas essa parte dependia só de mim. Enviei cópias para algumas editoras, um
passo que não me levou muito a frente, já que não recebi respostas. Mas não
deixa de ser um passo. Certo, ninguém disse que seria fácil. Procurei por
agentes literários, de onde começo a receber alguma resposta e fazer cálculos de
quanto teria que investir. Mais um passo, vamos ver... Escrevo daqui, publico
dali em blogs maravilhosos, que fazem um trabalho lindo ajudando muita gente,
como o “Donas de casa anônimas” e o “Brasileiras pelo mundo”. Hei! Apareci no
jornal! Não que isso tenha me feito famosa, mas é um passo, mais um passo... E
o mais recente, fui convidada para escrever num ótimo blog de crônicas, o qual
sempre admirei, o “Curta Crônicas” e estou muito feliz com isso, pois sinto ser um
grande passo, mais uma referência como trabalho ao lado de pessoas com sonhos
parecidos.
Meus passos são
pequenos, às vezes nem parecem sair do lugar nessa estrada longa, mas eu
continuo, não viro de costas para o muro, eu vou me aproximar dele por onde
puder, por todos os lados, ficar até de ponta cabeça, se for necessário examiná-lo
por um outro ângulo. O importante é enfrenta-lo, dar aquele passinho à frente.
Impossível é uma
palavra criada por um desistente, é coisa de quem dá o passo para trás. Afinal,
o que pode ser impossível como sonho? Algo que está muito longe? Que as
estatísticas não são animadoras? Nunca ouviu alguém conseguir algo assim antes?
Por que ligar
para o que outras pessoas realizaram ou deixaram de realizar? As estatísticas
de tudo o que aconteceu até hoje nunca podem conter o resultado de um novo
sonho. Você está sonhando agora, e você é uma outra história, passa por um
outro caminho. Ninguém pode te dizer para onde ele leva, você tem que andar
nele todo para saber!
Quer ver onde
esse caminho vai levar? Então pense: se eu posso dar mais um passo, eu posso
chegar mais perto.
A diferença
entre um sonho realizado e um adormecido, é apenas o tamanho do sonho, diante
do tamanho do muro.