Com breves palavras
minhas, o amor trata-se de atos aparentemente “sem sentido” aos observadores,
que aguçam todos os sentidos dos que são afetados e faz a vida finalmente fazer
sentido para quem vivencia.
Para melhor explicar, o
amor pode parecer insano a olhos alheios, mas é capaz de converter qualquer
cético num devoto em segundos, com o simples brilho de um olhar. Traz os
prazeres da vida à tona em cheiros de perfume e flor, gostos de beijos doces ou
lágrimas salgadas, toques macios e arrepios ou abraço forte e desesperado, um
sentir multiplicado das batidas do coração, música de uma voz em particular ou
das fadas e sinos que rodeiam os beijos apaixonados, visão ampliada e
contrastada de brilhos, cores, bocas, olhos e cabelos ao vento, dentre outros
deliciosos e apaixonantes sintomas.
Para quem não vê sentido
na vida, o amor pode trazer toda esperança e entendimento do universo no fundo
da íris do ser amado. Faz o caminho todo convergir ao ponto do sublime momento
da descoberta de saber-se amando.
Amor é verbo que impera
na voz de quem vive, até nas sentenças mais cotidianas. É verbo que sai dos
olhos e dos suspiros, jamais traduzido na simples palavra “amar”, pois que
dizer “Eu te amo” não basta a quem realmente o faz. Daí a necessidade de
constante reprodução da frase, tentando acentuar e amenizar tudo o que explode
de dentro do peito. Ao perceber a inútil tentativa de exprimir em palavras, é
natural que quem o sinta, parta para o mais convincente dos argumentos: o beijo,
embaixador de todos os sentidos, que transporta a carga de emoções em vibrações
perfeitamente claras e intraduzíveis. O amor transcende, o amor transgrede. É um
amontoado de frases ilógicas para quem nunca o sentiu, é o sorriso bobo, o
olhar alheio ao mundo concreto. Ele chega de repente ou de mansinho, conquista
e coloniza cada parte tua, te vira do avesso e muda a opinião, te expõe como
louco e depois te deixa sem explicação, revolta e acalma, te faz sentir no céu
ou no inferno... É um agrupamento de contradições.
Porém, de todo o mal que possa te causar, jamais traz junto consigo o arrependimento
de ter sentido, pois que, de todos os males, o mal maior é nunca ter amado.