Uma longa
viagem de ida, mais de 30 horas de casa a casa, sem o marido, que ficou
trabalhando (alguém tem que ganhar dinheiro nessa casa, como ele mesmo diz)
passando por conexão
em aeroporto, com direito a adquirir uma virose (eu e o meu menorzinho) e
passar com ânsia de vômito o vôo de 11 horas... Chegamos vivos, o que é mais importante.
Ao sair com
as malas, já pude avistar meu irmão e tudo ficou bem, eu estava em casa.
Abraçá-lo é sempre uma das melhores coisas do mundo. Meu irmão não é muito chegado em chats e conversas pela net, é sempre ao vivo que conseguimos matar as saudades. E haja saudade depois de 1 ano e meio sem vê-lo... O pequeno trecho São
Paulo-Sorocaba, nem foi relevante, pois as crianças dormiam e eu pude curtir meu irmão companheiro. Quando faltava mais ou menos meia hora para chegarmos
em casa, as crianças acordaram e começaram a perguntar de 5 em 5 minutos se já
chegamos.
-Ta muito
longe o Basil.- comentou meu menorzinho.
-Já estamos
no Brasil, querido, estamos agora indo para a casa do Vovô.
E chegar em
casa foi delicioso. Abraços demorados e balançados, beijos, as crianças nem
precisaram de adaptação e ja se sentiram totalmente confortáveis. Jogo de
futebol com o vovô, passeio com a vovó, a noite se enfiando no quarto e na cama
deles...
Eu passei o
dia conversando com minha melhor amiga, minha mãe. Curti falar o dia todo com
ela, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Abracei meu pai, mas essas horas sempre
penso que devia ter abraçado mais... As pessoas perdem o costume e fica difícil
de lembrar que depois vai se arrepender do que deixou de fazer...
No final de
semana, churrasco com a família toda, claro, como sempre. Muita criança e todos
meninos, bagunça total, barulho e falação.... lar doce lar... Cheiro de fumaça,
abraços apertados e demorados, risadas... Sim, era domingo, com certeza, esse é
o domingo que sempre tive no Brasil.
Na primeira
semana também fiz uma das coisas que mais tenho saudades: conversei com meu
irmão até de madrugada. Demos risada, falamos de coisas novas, lembramos de
quando éramos criança, concordamos e discordamos de leve em uns assuntos,
depois demos mais risadas ainda...
Fomos a
praia, revimos amigos, comemos coxinha, pastel e comida do vovô, fui a um show que ha 20 anos esperava para ver, saí com minha melhor aniga, e o melhor de tudo: ganhei um sobrinho, que virou afilhado, meu primeiro afilhado, que recebi com
olhos cheios de lágrimas e orgulho...
Estar em
casa no Brasil tem seus rituais, seus sons e cheiros. E tudo tem que ser
respeitado, fazer tudo de mais importante de novo, ter o cuidado de refazer o
que mais gosta e não deixar nada faltar...
Olhar,
parar e só observar a beleza das pessoas por sua volta, é um privilégio de quem
sente saudades daquilo. É como saborear algo que você adora e sabe que só tem
raramente. E aí está novamente a saudade me dando um presente, minha amiga
constante. Por causa dela, a saudade, eu aprendi a olhar mais profundamente
para o que eu tenho, eu aprendi a parar o tempo na risada alta que chega a meu
ouvido como música, no entra e sai das crianças, em ver minhas crianças podendo
ter o que eu sempre tive: muitos primos para brincar e uma família enorme e
cheia de amor...
Chegar ao
Brasil demora muito, é raro, mas é especial a cada momento, vivemos
intensamente enquanto podemos e levamos conosco aquele pedacinho de tudo o que
nos foi mais valioso.
À minha
família e amigos, obrigada por nos proporcionar dois meses maravilhosos, poucos
tem tantos momentos para guardar quanto eu e minhas crianças. Amo vocês!