Adquiri
essa “mania” de buscar a felicidade. Na verdade, em grande parte, creio que ela
se encontre no costume de aceita-la, sabe-la, enxerga-la no cotidiano. No
entanto, passamos períodos onde ela se encontra encoberta, principalmente
quando esse céu cinza e insistente resolve pairar por nossas cabeças durante
muito tempo. O final do inverno é quase um final de maratona. Os dias frios são
suportados com dificuldade e ansiedade para que chegue a primavera. Uma
brasileira otimista, como eu, pode ter mais trabalho nessa época do ano e a
inspiração, juntamente com a energia, encontram-se lá com o sol, acenando de
longe, as vezes aparecem, mas não esquentam de verdade... É preciso de algo
mais para atraí-las.
Então, assisti
um vídeo muito interessante. Em resumo, dizia que os cientistas haviam
encontrado o segredo para a felicidade: a gratidão. Assim que você agradece a
alguém, automaticamente se tornará mais feliz, no mesmo instante.
Fiquei pensado
em como uso essa fórmula e concluí que, felizmente, tenho esse costume. Talvez
ele tenha sido sempre meu combustível para o inverno e a saudade, mesmo sem
perceber.
Sempre fui
bem-humorada e nunca gostei de demonstrar tristeza a outras pessoas... O que
não quer dizer que nunca tenha me sentido triste ou sem esperança. A verdade é
que passei por períodos onde me senti perdida, sem planos e mais pensando nos
erros das escolhas do que em soluções para as mesmas. Porém, nãos gosto de
olhar para a dificuldade como algo que marca presença na minha vida e, nessas
horas, se tenho algo a agradecer, algo de positivo para dar, prefiro
concentrar-me nisso.
Ter passado
por grandes obstáculos, mostrou-me quantas mãos tenho para segurar e o
sentimento de gratidão foi algo que se tornou parte do caminho. Passei a entender
melhor meus pais e a dar razão a todos os “nãos” que havia recebido. Todos eles
valeram aquele “sim” corajoso, que enfrentou a sociedade ao me apoiarem numa
viagem para a Hungria, com meu namorado. Eles souberam que minha felicidade
dependia daquilo. A frase exata que minha mãe me disse, assim que me deu a
notícia de que iriam me apoiar nisso foi:
– Não
queremos ser os responsáveis por você não ser feliz.
Eles,
então, foram os responsáveis por minha felicidade.
Sou grata
aos meus pais todos os dias, por essa decisão e pela maneira como enfrentaram o
mundo pelo meu sonho. E eu sei que houve muito comentário maldoso, muito
julgamento... Eles estavam certos e sabiam disso, porque me conheciam tão bem,
porque confiavam em mim.
Eu tenho
certeza que agradecê-los sempre me trará felicidade, porque nunca será o
suficiente.
Desde que
fiz o blog, escrevo sobre vitórias e gratidão e sinto-me uma pessoa
incrivelmente presenteada pela vida. Talvez, justamente pelo fato de analisar
todas as minhas histórias, de descobrir e documentar cada “obrigada”.
Adquiri a
mania de agradecer, de ver a boa intensão... Ignorei as más, simplesmente
cortando os poucos que me decepcionaram e deixando as histórias tristes de
lado.
Existiram
tempestades, mas prefiro falar dos dias ensolarados, e se for falar da chuva,
que seja para lembrar que ela regou as plantas e fez brotar algo novo, um
pensamento, um ideal, uma lição...
Pela
felicidade, nós não reclamamos, ela aparece nos momentos em que um sorriso estampa
seu rosto por reflexo, então é preciso agarra-la naquele instante e o melhor
jeito de mantê-la presa, é agradecer pelo sorriso, seja qual for o motivo,
assim, ele ficará registrado.
Dificilmente
será encontrado em meu registro reclamação ou momento ruim, não porque sou
sortuda e tudo caiu muito fácil no meu colo - porque eu lutei muito, chorei
demais para querer repetir e lembrar - mas porque só ficam arquivados meus
agradecimentos, meus troféus.
Que minha
lembrança nesse mundo seja a alegria que consegui transmitir, as paisagens que
descrevi, os suspiros que documentei e que a mensagem seja: é possível, se eu
quiser muito.