Budapeste
se veste de outono. Coloca sua roupa amarelada, para dançar com o vento do
Danúbio, que passa em azul, para dar uma pincelada de céu, nas cores de sol. “Budapeste
é amarela!”, já afirmava Chico, no seu livro. Provavelmente, era outono.
Sinto-me
como Petőfi Sándor (poeta húngaro):
“Itt van az
õsz, itt van ujra,
S szép, mint mindig, énnekem.
Tudja isten, hogy mi okból
Szeretem? de szeretem.”
S szép, mint mindig, énnekem.
Tudja isten, hogy mi okból
Szeretem? de szeretem.”
“Aqui está
o outono, está aqui novamente,
E bonito,
como sempre, para mim.
Sabe Deus
por que
Eu gosto?
Mas eu gosto.”
O outono é
o anúncio do frio que vem chegando para ficar por meses, é a despedida do
calor, que é intenso, porém breve, por aqui. Fim das férias. Sabemos que ficará
mais escuro, mais frio, mais solitário andar pelas ruas... Sabemos que ficará
difícil se mover de um lugar para outro, que requer muitos casacos antes de
sair de casa e que temos que pensar duas vezes para não esquecer nada no
mercado, pois voltar, no frio, é muito cansativo... O outono grita aos ventos
que é o fim, a natureza vai morrendo, as pessoas vão se fechando...
Sabe Deus
por que eu gosto do outono? Mas eu gosto!
Não tem
como não se simpatizar com sua elegância em cores vivas, desfilando na
passarela do Danúbio, em cores alegres, mesmo com a temperatura melancólica. É
a simpatia em forma de estação, a delicadeza na tela da natureza, quando o
vento dá pinceladas coloridas na paisagem, em forma de folhas pelo ar, nos
convidando a tirar fotos compulsivamente, na tentativa falha de concretizar o
quadro, que não sairá com as mesmas cores que ao vivo. Outono tem um perfume
elegante, com cheiro de vento, vinho, cravo e canela... tem gosto de castanha
assada e torta de maçã...
É a
perfeita festa de despedida, antes da hibernação, com confete de folhas e música de vento.
Deus sabe
por que eu gosto dessa despedida? Mas eu gosto!