Mas eu gosto!

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Budapeste se veste de outono. Coloca sua roupa amarelada, para dançar com o vento do Danúbio, que passa em azul, para dar uma pincelada de céu, nas cores de sol. “Budapeste é amarela!”, já afirmava Chico, no seu livro. Provavelmente, era outono.

Sinto-me como Petőfi Sándor (poeta húngaro):
“Itt van az õsz, itt van ujra,              
S szép, mint mindig, énnekem.
Tudja isten, hogy mi okból
Szeretem? de szeretem.”
“Aqui está o outono, está aqui novamente,
E bonito, como sempre, para mim.
Sabe Deus por que
Eu gosto? Mas eu gosto.”
 
O outono é o anúncio do frio que vem chegando para ficar por meses, é a despedida do calor, que é intenso, porém breve, por aqui. Fim das férias. Sabemos que ficará mais escuro, mais frio, mais solitário andar pelas ruas... Sabemos que ficará difícil se mover de um lugar para outro, que requer muitos casacos antes de sair de casa e que temos que pensar duas vezes para não esquecer nada no mercado, pois voltar, no frio, é muito cansativo... O outono grita aos ventos que é o fim, a natureza vai morrendo, as pessoas vão se fechando...
Sabe Deus por que eu gosto do outono? Mas eu gosto!
Não tem como não se simpatizar com sua elegância em cores vivas, desfilando na passarela do Danúbio, em cores alegres, mesmo com a temperatura melancólica. É a simpatia em forma de estação, a delicadeza na tela da natureza, quando o vento dá pinceladas coloridas na paisagem, em forma de folhas pelo ar, nos convidando a tirar fotos compulsivamente, na tentativa falha de concretizar o quadro, que não sairá com as mesmas cores que ao vivo. Outono tem um perfume elegante, com cheiro de vento, vinho, cravo e canela... tem gosto de castanha assada e torta de maçã...
É a perfeita festa de despedida, antes da hibernação, com confete de folhas e música de vento.
Deus sabe por que eu gosto dessa despedida? Mas eu gosto!

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